A solidão, o movimento constante, as despedidas frequentes que marcam a vida de todo artista contemporâneo, se fazem refletir no livro de estreia do poeta e músico Grecco Buratto, gaúcho de Caxias do Sul que emigrou para a Califórnia aos 18 anos, e que fez carreira de sucesso tocando com artistas famosos como Shakira, Earth Wind and Fire e até com nosso “rei” Roberto Carlos. Ele vem ao Brasil em outubro para lançar o volume de poesias “Só palavras” (Ed. Versiprosa) em São Paulo, Porto Alegre e em eventos literários no Sul do Brasil. Leiam a entrevista com o artista.
Muitas das poesias de “Só palavras” espelham a solidão dos jovens contemporâneos.Essa solidão, ou solitude, lhe impulsionou a escrever?
R: Acho que esse sentimento é atemporal, faz parte da condição humana… Não depende de época, de qual geração se faz parte. Essa solidão ou solitude eu sempre senti, ou de repente é uma frequência à qual sempre estive antenado. Escrever foi a maneira que encontrei pra tentar expressar ou atribuir sentido às coisas.
Como é sua relação com o Brasil e com a Língua Portuguesa vivendo há tanto tempo na América do Norte?
R: Toda minha família mora no Brasil. Esse cordão ainda não foi cortado. Tenho grandes amigxs e mestres aí. Eu definitivamente aprendi a amar o Brasil com todas suas idiossincrasias, riquezas, contradições, a música e a palavra escrita em português quando vim morar aqui. Ao mesmo tempo, sei que um idioma, uma língua estão vivos e talvez a Língua Portuguesa que eu fale e escreva, não reflita exatamente a atualidade em termos de gírias, até mesmo vocabulário, mas talvez isso me faça procurar algo que seja universal e ao mesmo tempo pessoal…
O Brasil é um país complexo no que diz respeito à Educação e à leitura. Por que escolheu lançar seu primeiro livro aqui em vez de nos Estados Unidos, onde o mercado editorial é maduro e melhor estruturado?
R: Eu não escolhi escrever em Português. Foi o que veio quando comecei esse processo. Confesso que me deixou surpreso, mas faz sentido porque minha base educacional aconteceu no Brasil. E uma vez que tinha o livro pronto, em Português, não havia porque editar e lançar na América do Norte, por mais maduro e estruturado que fosse o mercado. O importante é registrar a obra e lançá-la.
As poesias do seu livro podem ser lidas como letras de músicas? Qual é a diferença entre uma coisa e outra, se é que existe diferença?
R: Acho que podem sim. Existe um ritmo, uma cadência, estrutura de rimas. Claro que nem toda poesia é uma letra mas no caso do Só Palavras, acho que a grande parte dos textos podem ser vistos como letras.
Você vem ao Brasil para lançar “Só palavras” e também o CD “Sem palavras”, que reúne músicas de sua autoria, porém, sem letras. Esses trabalhos autorais marcam uma nova etapa na sua vida ou carreira?
R: Com certeza. Marcam o fechamento de um ciclo e o início do próximo. Acho que esse lançamento faz parte do processo de honrar esses textos e musicas e soltar eles para o mundo, deixar que eles ganhem a vida que eles têm pra ganhar, seja ela qual for. Acho que é uma virada de página, um capítulo novo nesse processo de expressão artística da vida.
Tem planos de continuar escrevendo? Caso sim, persistirá na poesia ou tem vontade de se aventurar na ficção?
R: Sim, seguirei escrevendo. Sigo escrevendo poesias, mas tenho vontade e curiosidade de me aventurar em novos formatos, ficção ou não-ficção. Acho que “Só Palavras” é um primeiro passo, a primeira semente plantada.