Colaborar para não morrer

O livro “Colaboração: a única solução” (Ed. Alta Books), da administradora e gestora de equipes Semadar Marques, mostra que é possível construir valores éticos autênticos para instaurar confiabilidade e transparência no ambiente de trabalho, favorecendo a saúde mental e a colaboração – fundamentais para que uma empresa desenvolva seu pleno potencial e atinja suas metas de produção e faturamento. “O único caminho para atender a agenda ESG é instaurar a colaboração no ambiente de trabalho”, afirma Semadar Marques. “É colaborar ou morrer. Os próximos anos – e não décadas – mostrarão isso na prática”. Leiam a entrevista com a escritora.

Parece que o ambiente nas empresas é fadado à competição e algumas delas até incentivam esse comportamento com a finalidade de obter “melhores resultados”. É possível, na prática, fazer diferente?

R: Sim, é perfeitamente possível fazer diferente. É preciso criar consciência da importância de se construir ambientes colaborativos, não normalizando comportamentos tóxicos e fortalecendo a própria saúde emocional. Devemos lembrar que comportamentos competitivos provêm do medo de não ser bom o bastante e do desejo de se fazer maior que os outros para se sobressair. Ao estimularmos micro revoluções dentro de cada um e no seu entorno, minimizando o medo e a insegurança e fortalecendo valores éticos de transparência e confiança, estaremos construindo ambientes de segurança psicológica para que as empresas possam alcançar resultados mais sustentáveis e alinhados com a agenda ESG.

Qual é o diferencial do seu livro? O que ele traz de novo dentre as várias tentativas – e publicações – que já existem, dedicadas a melhorar o ambiente empresarial?

R: O livro traz vários exemplos de como é viável construir ambientes de trabalho colaborativos e éticos e situações práticas que ilustram a implementação desses conceitos. O diferencial desta obra está na sua capacidade de oferecer não apenas teoria, mas também ferramentas e estratégias concretas para instaurar a colaboração como pilar fundamental para o sucesso das empresas.

ESG é a sigla do momento. Você sustenta que só é possível atingir a agenda ESG se houver colaboração. Pode explicar brevemente o que isso significa?

R: A colaboração efetiva desempenha um papel crucial na realização da agenda ESG. Sem colaboração verdadeira corre-se o risco de incorrer em práticas como o greenwashing – ações superficiais e pouco eficazes em termos de sustentabilidade, nas quais as empresas tentam parecer mais “verdes” do que realmente são, através de estratégias de marketing enganosas. Integrar práticas sustentáveis, respeitar os direitos humanos e promover transparência nas relações empresariais resulta em um impacto positivo tanto na sociedade quanto no meio ambiente. Sem colaboração verdadeira, ESG se torna uma falácia que não trará resultados a longo prazo e, mais cedo ou mais tarde, será desmascarada – como presenciamos recentemente uma empresa que se apresentava como sustentável e promoveu um dos maiores desastres ambientais do nosso país.

Logo após o fim da reclusão de dois anos pela pandemia, eclodiram a guerra na Ucrânia e no Oriente Médio. Cientistas alertam para a emergência climática. O mundo tem jeito? Somos capazes de colaborar?

R: É essencial superar o pensamento egoísta entre os povos e adotar uma mentalidade de cooperação para enfrentar desafios globais cada vez maiores. Para garantir nossa sobrevivência no planeta, a humanidade precisa construir e fortalecer uma cultura de colaboração, onde a confiança seja o alicerce principal. Em um ambiente de confiança mútua, os indivíduos podem trabalhar juntos sem o medo da escassez ou da perda, priorizando o bem comum em lugar de interesses individuais. O egoísmo é um obstáculo significativo à colaboração, surgindo do medo de não ter o bastante, ou de não ser reconhecido e validado. Ao minimizar os medos e fortalecer ambientes de segurança psicológica, será possível substituir o egoísmo pela generosidade e pelo pensamento coletivo, construindo sociedades mais resilientes e colaborativas, essenciais para enfrentar os desafios globais que ameaçam a sobrevivência da espécie humana no planeta.

Em nosso dia a dia, como é possível instaurar um clima de colaboração? Em casa, na escola, faculdade, academia. Como é o “micro” da colaboração?

R: Essas micro revoluções se iniciam pela responsabilidade individual de cada um em pensar no coletivo e promover ações que fortaleçam ambientes de colaboração em favor de todos. Praticar uma comunicação verdadeira e honesta, que encoraje a troca de ideias e opiniões, escutar o outro sem julgamentos ou ideias pré-concebidas é um belo começo. Celebrar o sucesso coletivo, reconhecendo conquistas em conjunto e valorizando os esforços de todos também é um ótimo caminho. Mas é preciso coragem para reconhecer os próprios comportamentos tóxicos – que todos possuímos – e trabalhar sobre eles para superá-los.

Quais são seus planos a partir de agora? Vai escrever um novo livro? Dedicar-se a dar palestras e treinamentos, conforme aparece no seu site – www.semadarmarques.com.br?

R: As palestras e treinamentos continuam acontecendo e, em paralelo, estou iniciando o projeto de um livro, em parceria com dois professores universitários especialistas em ESG, para tratarmos dos IDGs – Objetivos de Desenvolvimento Interno – preconizados pela Organização das Nações Unidas (ONU) para alcançar os 17 ODS – Objetivos de Desenvolvimento Global. Os 17 ODS são um apelo da ONU para que o mundo se una pelo fim da pobreza, pela preservação do planeta e para assegurar que todas as pessoas possam viver em harmonia e prosperidade. E os Inner Development Goals (IDGs) – Objetivos de Desenvolvimento Interno – são objetivos de desenvolvimento pessoal para formar cidadãos aptos a alcançarem os ODS.

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