No dorso da Literatura

“Neste belo livro de estreia, Eliane França faz uma travessia corajosa sobre diversas histórias, corpos e destinos femininos. (…) A polifonia de vozes femininas e anônimas revela cada conto como uma experiência única, mas também coletiva, como a parte de um todo das vivências das mulheres. Ao recorte temático se soma um olhar irônico, uma linguagem ferina que surpreende e, ao mesmo tempo, comove.” – Texto adaptado da apresentação da escritora Claudia Lage, vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura 2020, para o livro de contos “Sobre o dorso das fêmeas”, de Eliane França. Leiam a entrevista com a autora.

 

O que toma forma sobre o dorso das fêmeas?

 

R: Quisera fossem somente asas! Uma brincadeira, claro. Mas com um fundo de verdade. No conto que dá título ao livro, vemos três aspectos desse “dorso fêmeo”. Tudo o que as mulheres, há anos, carregam nas costas: sexo, os encargos e, por último, a liberdade. Os dois primeiros só podemos realmente dividir com os “dorsos machos”, quando conseguimos as asas, ou seja, a liberdade. Para isso, só com muita luta e estando sempre atentas às mudanças no mundo: nenhum direito à mulher é permanente.

 

Seu livro é feminino, feminista ou os dois? O que significa para você ser feminista?

 

R: Se chamarem de feminista, é elogio. Mas nada tem de panfletário. E me pergunto o que seria um livro feminino? Também poderia ser escrito por uma voz masculina? Haverá um dia em que não precisaremos de tantas definições. Como esse dia ainda não chegou, tenho que afirmar: feminista, sim.

 

Maternidade, carreira, relação mãe e filha, solidão. Quase todos os temas do amplo espectro de ser mulher são abordados – sempre de modo inusitado ou inquietante – em seus contos. De onde vieram essas histórias?

 

R: Da minha própria vivência e observação. Misturadas com sonhos e imaginação/criação, como não poderia deixar de ser. Alguns contos foram inspirados pelos artistas do Caneta, Lente e Pincel e as imagens estão no blog do coletivo.

 

Você é cantora e compositora. Que gênero musical lhe é preferido? A música alimenta a literatura e vice-versa?

 

R: Música brasileira! Claro que o samba é paixão primeira, mas amo côco, frevo, baião, todos os ritmos nascidos no nosso chão.

Sim, a Literatura e a Música me alimentam o tempo todo. Alternando-se nas funções de mãe e madrinha da criação.

 

Seu livro foi finalista do Prêmio Rio de Literatura 2019. O que isso significou para você? Já estava decidida a publicar ou foi um empurrãozinho?

 

R: Foi um empurranzão! Ter seu trabalho reconhecido por um corpo de especialistas é uma sensação muito gratificante. Te dá fôlego. Mesmo com uma pandemia adiando os planos, você não pensa em desistir.

 

Quais são seus planos como escritora? Gostaria de se aventurar no gênero narrativa longa/romance?

 

R: Já estou me aventurando… A ideia do próximo livro é de um romance, já todo desenhado na minha cabeça.

Este site utiliza cookies para lhe oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar neste site, você concorda com o uso de cookies.