“Vozes e visões” é o terceiro volume da trilogia criada pelo poeta Gringo Carioca, ou Marco Alexandre de Oliveira, que transita entre a poesia escrita, falada e visual. Dividido em quatro partes – Emoções, Avaliações, Opiniões e, finalmente, Percepções – o novo livro traz poemas curtos, longos e visuais, além de prosa poética. Leiam a entrevista com o escritor.
Seu novo livro, “Vozes e visões”, completa uma trilogia junto com os anteriores, “Manifestos & manifestações” (Patuá, 2018) e “Reflexos & reflexões” (Oito e Meio, 2014). Como esses livros dialogam entre si?
R: Os livros dialogam entre si tanto nas formas ou estruturas quanto nos conteúdos ou temas, sempre relacionados à evolução física, psíquica e espiritual da figura do Gringo Carioca, na sua luta poeticopolítica da vida na metrópole pre-pós-moderna do Rio de Janeiro, ex-capital do Brasil.
Você escreve ou cria poesias visuais. Pode explicar pra gente como é esse gênero poético? Tem algo a ver com a poesia concreta? Quais as diferenças?
R: A poesia visual é uma forma híbrida que explora as diversas relações entre o texto e a imagem. A poesia concreta, por ser uma arte denominadamente “verbivocovisual”, tanto se inspira na poesia visual quanto a influencia. Uma importante diferença é que a poesia concreta também explora os aspectos sonoros da linguagem ao configurar a sua “tensão de palavras-coisas no espaço-tempo”.
“Vozes e visões” traz uma visão crítica mas também bem humorada sobre as mazelas da nossa era, da nossa sociedade. Essa é uma marca do seu trabalho como poeta?
R: O poeta modernista americano Ezra Pound disse que “os artistas são a antena da raça”. O poeta clássico romano Horácio disse que a arte poética deveria “instruir e deleitar”. O Gringo Carioca busca então ser poeta-artista crítico e humorado, por bem ou por mal!
Você é Doutor em Literatura Comparada e Mestre em Letras Neolatinas pela University of North Carolina (EUA) e Bacharel em Ciências da Religião pela University of South Carolina (EUA). Como essas duas áreas de conhecimento – Letras e Religião –, aparentemente díspares, convergem dentro de você e na sua poesia?
R: Em Letras aparecem as maiores questões ou problemas da vida, e nas Religiões as grandes respostas ou soluções. Muitos dos meus escritores e artistas prediletos têm algum viés espiritual ou até místico. Acredito que a literatura e a arte têm um papel fundamental na expansão ou elevação da consciência humana rumo à consciência cósmica.
Além de poeta e professor, você é iogaterapeuta. O que significa ser iogaterapeuta e como é sua atividade profissional nessa área?
R: Ser yogaterapeuta é ser yogi e terapeuta, isto é, praticar o yoga e utilizar os conhecimentos dessa ciência milenar, uma “panaceia para todas as aflições humanas” segundo o meu mestre, para fins terapêuticos em tempos atuais. A minha atividade é atender pessoas interessadas em autoconhecimento, autorrealização e autocura através do yoga. Nessa jornada, caminhamos juntos!
Você é cidadão norte-americano, mas escolheu o Rio de Janeiro – cidade complexa e perigosa – para viver, trabalhar, formar família. Por que?
R: Sempre cultivei um fascínio pela Cidade Maravilhosa. Me identifico com a sua natureza e a sua cultura, pela sua diversidade e pela sua beleza. No entanto, são as suas múltiplas e várias justaposições e contradições que a fazem ser real(mente) maravilhosa. Mar e montanha, morro e asfalto, rico e pobre, Zona Sul e Zona Norte (e Zona Oeste), belo e feio, civilização e barbárie etc.
Você tem uma casa na serra onde se refugia sempre que pode. Como é esse lugar e como ele nutre você e sua literatura?
R: É uma casa literalmente no meio do mato, no coração da Mata Atlântica, livremente inspirada na “casa de vidro” do surrealista francês André Breton e do arquiteto (pós)modernista americano Philip Johnson. Também tem uma agrofloresta e um “Espaço BOM” que serve como templo ou chalé. Onde quer que eu esteja, estou sempre lá. Mas, como diz a canção do Arnaldo Antunes: “A nossa casa é onde a gente está. A nossa casa é em todo lugar”.