Viravolta de um poeta

Quero estar velho / para ler o todo” diz o poeta Renan Alvarenga em seu terceiro livro, o volume de poesias “Viravolta” (Ed. Folheando). Entre suaves convites à reflexão e tiros certeiros naquele lugar em que o tempo para e a poesia se manifesta, passeamos pelas páginas com vontade de parar para apreciar a beleza do caminho palmilhado por seus versos. O autor é licenciado em Letras/Literatura e pós-graduado em Língua Portuguesa, vive em Iguaba – Região dos Lagos (RJ) – e também atua como cantor litúrgico. Leiam a entrevista.

 

De onde vem sua poesia?

 

R: Não vem somente da leitura de poesia, sem dúvida. Tem a ver com o sentido e a expressão personalíssima dos acontecimentos todos: de dentro, de fora e de algum outro lugar.

 

“Viravolta” é o título do seu livro e do poema de abertura. Do dicionário, quer dizer “mudança brusca de situação” ou “volta completa em torno de si mesmo”. Por que essa escolha?

 

R: Assumindo o risco de ser enfadonho, porque é disso que se trata a vida. Ela só acontece no movimento. Mas não no retilíneo; esse descamba para o marasmo, a monotonia. São as grandes viradas, os giros em 360º, que impactam de verdade e mexem conosco.

 

Você mora em uma pequena cidade da região dos lagos no Rio de Janeiro, famosa pelas belas praias da laguna de água salgada. Viver em uma cidade menor favorece a vida de escritor? A proximidade da natureza serve como inspiração?

 

R: Acho que a experiência do contato próximo, tátil, com a natureza pode favorecer o “repertório”, a depender do tema escolhido. Imagine que alguém te peça para descrever a sensação de comer abacaxi, sem que você nunca tenha provado. Seria um enorme desafio. O texto poderia facilmente evidenciar artificialidade.

 

Você contribuiu para a seção Porque hoje é sábado, da revista de literatura QuatroCincoUm no Instagram e no Facebook, indicando uma poesia do moçambicano Mbate Pedro. Como se mantém atualizado acerca da produção de poesia no mundo? Como elege suas leituras?

 

R: Confesso certa aleatoriedade no meu processo de leitura. No caso do Mbate, salvo engano, o conhecimento se deu por meio de uma entrevista, transmitida pelo canal do Camões I. P.. De modo geral, as redes sociais e as revistas eletrônicas focadas em literatura formam hoje esse grande mural literário. Além disso, há sempre as trocas de figurinha com os colegas de escrita.

 

Além de poeta, você é ilustrador e fotógrafo. Essas atividades são hobbies ou novas frentes de trabalho?

 

R: Certamente hobbies! A gente é sempre uma porção de coisas, mas os braços continuam sendo dois (de modo geral). Ofertar profissionalmente ilustrações e fotografias requer técnicas com as quais eu não conto. Apesar disso, reconheço em mim certo olhar e alguma aptidão para essas atividades.

 

Consta em sua biografia de escritor que também é “cantor litúrgico”. O que isso significa?

 

R: Como cristão católico, é esperado que eu exerça algum serviço (ministério) em minha comunidade paroquial. Por ser uma pessoa relativamente afinada, cantar a liturgia das santas missas tem sido minha contribuição principal há mais de 20 anos, na Paróquia Imaculada Conceição de Iguaba Grande/RJ.

 

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