Sonia Sant´Anna lança novo livro após 10 anos

Nascida em uma família de escritores e autora de romances históricos publicados por grandes casas editoriais, após um hiato de dez anos, Sonia Sant´Anna nos surpreende e encanta com “Rondó” (Ed. Penalux), seu novo livro que reúne dezessete contos e uma novela autobiográfica. Leiam a entrevista com a autora.

 

Você se notabilizou por escrever romances históricos, alguns deles publicados por grandes editoras e com vendas expressivas através de programas governamentais para compra de livros. Por que agora um livro de contos?

 

R: Os romances históricos aconteceram por acaso – acho que ninguém decide: vou escrever romances históricos / policiais / realistas / regionalistas. Minhas primeiras tentativas foram na área do conto. Enviei-os para Ênio da Silveira, da editora Civilização Brasileira, que aprovou todos, mas disse que eram insuficientes para um livro. Quando eu tivesse mais, voltasse a procurá-lo. Veio a ditadura, Ênio da Silveira foi forçado a se desfazer da editora. Tentei outras, sem sucesso. Por encomenda de meu irmão Ivan, fiz uma longa pesquisa sobre a História de Goiás. O que ele não utilizou, utilizei eu, para escrever um romance histórico, Memórias de um Bandeirante, que inscrevi num concurso da UBE. Fui premiada, a editora Global publicou, estava começando uma carreira.

 

Por que o título do livro, “Rondó”?

 

R: Escrevi um conto em que o enredo da história se repetia, voltando ao ponto inicial. Lembrei da dança rondó, em que os dançarinos dançam em roda. Rondó ficou sendo o título do conto e – bem mais tarde – do livro.

 

Você nasceu em uma família de escritores, sendo que seu irmão Sérgio Sant´Anna (1941-2020) é considerado um dos monstros sagrados da Literatura Brasileira. Isso ajudou ou atrapalhou sua carreira de escritora?

 

R: Não atrapalhou, mas me intimidou. Talvez isso tenha sido em parte responsável por eu ter me dedicado ao romance histórico. Me parecia supérfluo escrever mais contos tendo tal autor na família. Por outro lado, me tornou mais exigente quanto ao que eu produzia. E me trouxe uma divulgação na imprensa que poucos estreantes têm – não é todo dia que três irmãos, mais o filho de um deles, seguem a mesma carreira. O fato era jornalisticamente interessante.

 

Em certa etapa da vida você trabalhou como artesã joalheira. Existem paralelos entre criar uma joia e escrever um romance?

 

R: Meu professor de joalheria, depois meu sócio em uma galeria de arte, foi Caio Mourão, um dos pioneiros da moderna joalheria de arte brasileira. Fiquei um tanto duvidosa em aprender joalheria – nunca havia me imaginado lidando com fogo e metais. Mas Caio me acalmou: o ato criativo é um só, quem cria com palavras certamente saberá criar formas.

 

O último texto do livro é uma novela memorialística baseada em uma situação difícil, oculta durante muito tempo, na história de sua família. Como se deu a decisão escrever essa narrativa?

 

R: Eu sempre quis escrever essa história. O que fui fazendo por etapas. Depois mostrei tudo ao Sergio, que achou que eu deveria publicar. Tive medo, disse que não o faria, deixaria o material para que outro membro da família o utilizasse futuramente. Quando me decidi pela publicação, Sergio me disse que utilizara em parte o material em seu conto A Mãe, a sair em seu próximo livro O anjo noturno. Mas não via razões para que eu não publicasse também – eram enfoques bem diferentes.

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