Sonhos literários

Os sonhos estão presentes na História da humanidade, desde a mitologia grega até a Bíblia. São um manancial de ideias e tramas totalmente originais, por constituírem o inconsciente – pessoal e intransferível – de cada ser humano. “Sonhos Fulgurantes – Revelações de uma realidade enigmática é o primeiro livro de ficção de Roberto Minadeo, professor e pesquisador nas áreas de Administração e Ciência Política. Seus contos nada têm a ver com o universo técnico: são inspirados em sonhos e burilados para ganhar forma literária. Leiam a entrevista com o autor.

 

Os contos de “Sonhos fulgurantes” são inspirados em sonhos que teve de verdade. Você tem um livro de sonhos? Anota todos?

 

R: Eu até gostaria de ter a disciplina de anotar todos meus sonhos marcantes. Por falta dessa ordem, termino perdendo muitas oportunidades – especialmente pelo fato de que os sonhos não anotados são esquecidos muito facilmente. Assim, apenas uma pequena parte dos sonhos se torna fonte de contos ou de crônicas. São relembrados de forma espontânea e intuitiva ao escrever, muito rapidamente – a ponto de ser preciso fazer ao menos um rascunho desses sonhos memorizados, a fim de não esquecê-los, nem de perder o encadeamento lógico.

Há situações em que o sonho é um conto na íntegra, ou seja, o fio condutor do enredo e o espírito do protagonista. Na maior parte dos casos, entretanto, o sonho traz uma inspiração fundamental para algum conto, sendo preciso de alguma forma de complementação para o fechamento do enredo.

 

Uma vez que decide escrever um conto, como é seu processo criativo? Como transforma matéria bruta inconsciente em narrativa ficcional?

 

R: Procuro seguir alguns elementos básicos. Manter apenas o mínimo indispensável de personagens. Procurar definir bem cada personagem, ou ao menos os principais, de modo a fazê-los presentes ao leitor, como se estivessem falando com ele. Fazer um enredo enxuto e com características ao menos relativamente inovadoras. Não deixar pontas soltas ou situações que deixam o leitor perdido. Essas quatro caraterísticas obrigam a fugir do óbvio ou de tantos caminhos já percorridos.

 

Roberto Minadeo é autor de vários livros técnicos na área de administração e marketing, publicados por editoras tradicionais, com boas vendas e adotados por instituições de ensino. Por que se aventurar de forma independente na ficção, considerando que ficção brasileira que sempre vendeu pouco?

 

R: Tenho uma antiga paixão pela literatura: entrei no velho primário já tendo lido a coleção infantil do Monteiro Lobato. Depois vieram muitas leituras, dos famosos autores nacionais aos clássicos estrangeiros, passando por um amplo leque de escritores menos conhecidos, ainda que importantes e de grande categoria, como Henryk Sienkiewicz, Selma Lagerlof, Stefan Zweig ou A. J. Cronin. Assim que tive mais tempo disponível, me dediquei a escrever contos, com a primeira publicação em 2018.

 

Sua produção é intensa. Seus contos estão publicados também em várias antologias. Como é sua rotina de escritor?

 

R: A meu ver, há uma pergunta tradicional que ajuda cada pessoa a se conhecer melhor: o que você faz quando não está fazendo nada? No meu caso, a agenda é dedicada à literatura nos momentos em que não estou no trabalho nem em atividades sociais ou esportivas. Leio e escrevo muito nessas ocasiões. Mais propriamente falando em rotina de trabalho, tenho o defeito de trabalhar em várias produções simultaneamente. Quando alguma delas fica mais madura, foco em finalizá-la, deixando as demais de lado. Da mesma forma, leio diversos textos ao mesmo tempo – com prioridade para contos.

 

Além de contos, tem ambição de escrever um romance?

 

R: Gostaria. Por ser uma obra que exige um pouco de fôlego, não me vejo em condições de encarar esse desafio hoje.

 

 

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