O arco envergado da loucura

Digressões delirantes e de cunho metafísico-filosóficas misturam-se a fragmentos de memória e pesadelos no romance literário Arco de virar réu, do escritor e editor Antonio Cestaro. O livro conta a história de um homem cuja infância e a juventude são marcadas pela esquizofrenia do irmão mais novo. A noite de autógrafos é dia 5 de abril, a partir da 19h, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo. O radialista Fábio Malavóglia lerá trechos do livro.

 

De onde surgiu a ideia do romance Arco de virar réu?

 

Surgiu da vontade de dar voz aos conteúdos delirantes de pessoas que estão, em alguma medida, sofrendo de certo desajuste psicológico.

 

Quanto tempo você levou escrevendo e como é o seu processo de escrita?

 

Dois anos para concluir o trabalho. No meu processo de escrita, a preocupação com o tempo da leitura é uma constante. Gosto de textos curtos, enxutos, que tenham o poder de comprimir em poucas páginas um vasto universo. Meu trabalho envolve várias leituras e uma ‘tesoura’ nos dedos.

 

Você é editor da Alaúde/Tordesilhas. Conte um pouco da história da sua editora.

 

Depois de ter atuado em diversas editoras e reunido um conhecimento amplo sobre toda a cadeia produtiva do livro, fundar uma editora foi um caminho natural. Isso foi há quase duas décadas. O selo Tordesilhas, dedicado especialmente à literatura, é um projeto mais recente, de 2012. Atualmente a editora tem uma estrutura razoavelmente bem desenhada e me oferece espaço para a aventura de escrever e publicar meus próprios textos.

 

Como se sente ao trocar de lugar e ser escritor em vez de editor?

 

É uma experiência preciosa e complementar. Sentir as emoções do autor, suas dúvidas e angústias, enriquece a compreensão do editor no seu trabalho. É uma oportunidade de entender o desamparo do autor, sobretudo do iniciante, nessa terra em que escrever profissionalmente é mais matéria de sonhos do que de realidade.

 

Quais livros e autores são referências para você como escritor?

 

Gosto muito da literatura lusófona, sobretudo a brasileira. Penso que autores como Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Mario de Andrade serão sempre influenciadores e referências seguras. Dos contemporâneos admiro o trabalho do Mia Couto, do Milton Hatoum, entre outros.

 

Quais são seus planos agora?

 

Trabalhar o lançamento do meu livro mais recente, Arco de virar réu, e aguardar a chegada daquela vontade inadiável de escrever um novo texto.

 

Valéria Martins

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