Amor e perda, vida e morte, aventura e mistério: “Lampejos de dor e de fuga” (Ed. 7Letras), livro de estreia de Diogo Ongaratto, traz uma série de histórias surpreendentes sobre a natureza humana e as motivações de cada um. Conduzindo com maestria as narrativas, o autor nos enreda nas experiências e emoções mais profundas, desafiando-nos a encarar as sombras e os limites da existência. Leiam a entrevista com Diogo.
Os contos de “Lampejos de dor e de fuga” flertam com o suspense e, alguns, com o gênero terror. De onde vêm essas influências?
R: Se eu pensar nos primeiros livros que li, lembro de “O escaravelho do diabo”, de Lúcia Machado de Almeida, publicado pela coleção Vaga-Lume. Li também vários da Agatha Christie, romance policial, mistério e suspense. Já adulto Henry James e “A outra volta do parafuso” foram importantes. A maior influência, sem dúvida, foi “Histórias Extraordinárias” de Edgar Allan Poe. A conclusão é que o terror é algo interno e não externo ou sobrenatural.
Você se formou e trabalha em uma área tecnológica. Como a literatura entrou na sua vida e como essa paixão encontra espaço entre planilhas e cálculos?
R: Já ouvi muitos engenheiros se orgulharem de escreverem mal ou não saberem desenhar, o que é uma bobagem. Em toda profissão é importante saber se comunicar. Embora pareçam ramos conflitantes, a Engenharia me ajuda na escrita no sentido que ela me dá capacidade analítica e organização do pensamento, que acho fundamentais na hora de escrever.
Você estudou com o Professor Luiz Antônio de Assis Brasil, que formou escritores hoje bem situados no mundo editorial, como Leticia Wierzchowski, Daniel Galera, Michel Laub. Como foi a convivência com o mestre e como isso influenciou a sua maneira de escrever?
R: Foi uma experiência maravilhosa. O Professor ensinava as ferramentas necessárias para uma boa escrita e proporcionava um debate sincero sobre o trabalho dos colegas. O mais precioso foi que ele não tentava nos enquadrar ou impor fórmulas, mas sim, valorizava a voz de cada escritor.
Você vem de uma família de imigrantes italianos e o cenário do Sul do Brasil é muito marcante no livro. Qual é a história da sua família e como ela veio parar aqui?
R: Os meus bisavós, todos eles, imigraram da Itália empobrecida pós-unificação e vieram se instalar numa colônia na serra gaúcha. Vivi a transição de quando era vergonhoso ser “colono”, ou seja, descendente desses imigrantes, para a glamourização na virada do século com as novelas italianas, etc. Mesmo discordando desses extremos creio que essa origem proporciona uma experiência cultural única.
Sendo seu primeiro livro, como foi o processo de escrita e finalização? Contratou leitura crítica? Ofereceu a leitores-beta? Quando sentiu que o livro estava realmente pronto para ser publicado?
R: O processo de escrita começou em 2003, antes da Oficina com Assis Brasil, até 2023. A finalização se deu no auge da pandemia (2021 e 2022) quando revisei todos os contos e escrevi novos. Contratei uma leitura crítica e foi um processo bem cuidadoso. Após fazer os ajustes recomendados, chegou o momento em que senti que o livro estava pronto para ser publicado.
O que espera alcançar com “Lampejos de dor e de fuga” e quais são seus planos daqui pra frente?
R: Fui muito criterioso durante todo o processo de escrita e edição do livro. Agora sinto que o filho está criado e quero vê-lo ganhar o mundo (risos). Acredito na qualidade da literatura contemporânea e no leitor ou leitora brasileiros. Quero que o máximo de pessoas conheçam o livro, se interessem por ele e tenham uma leitura prazerosa.