A história tocante de um avô às voltas com o neto adolescente – que brinca com a ideia de tirar a própria vida –, e um passado familiar trágico – que inclui o suicídio da primeira mulher e várias tentativas de um dos filhos, é o tema do romance “Fantasmas não dizem adeus” (Editora Jaguatirica), do escritor Alexandre Kahtalian. Um livro que nos faz refletir sobre a família, o destino e as escolhas de cada um, cujo final, generosamente, remete à esperança.
Fantasmas não dizem adeus aborda um tema delicado e considerado tabu, o suicídio. Como elaborou essa história?
O livro não só fala de suicídio, mas também de como os fantasmas que daí sobrevivem afetam três gerações pelas veredas da perseguição. Ter perdas é inevitável e os fantasmas estão aí para nos acompanhar.
Seu livro pode ser classificado como auto-ficção. O que acha desse gênero literário?
É uma auto-ficção e penso que este gênero está atualmente em alta porque enriquece as narrativas contemporâneas.
Você mudou de carreira ao longo da vida. Como foi essa mudança?
Vejo de forma diferente: a carreira é a mesma e continua. Porém, antes eu tratava da parte física das pessoas e hoje me preocupo e me relaciono com a mente delas. Ser escritor, sim, poderia ser uma mudança.
A literatura conta com vários médicos-escritores, como Anton Tchékhov e Moacyr Scliar. O que o ofício da Medicina pode acrescentar ao fazer literário de um escritor?
A Medicina nos oferece, com muito mais vigor, as ferramentas da dor e do sofrimento humano, mas não só isso, felizmente! E isso tampouco é suficiente para se tornar escritor.
Tem planos de escrever um novo livro? Que outras histórias gostaria de contar?
Há temas que me interessam muito como o tema dos imigrantes, diásporas, estrangeiros. Quem sabe.
– Valéria Martins