Eternidade poética

Grandes personagens da humanidade revivem e tem seus feitos narrados em versos por Márcio Catunda, poeta e diplomata, em seu novo livro, o 49º de sua carreira, “Eternidade humana”. O título reflete a visão humanista do autor, que estudou a fundo as biografias e realizações de personagens da História como Jesus Cristo, Leonardo da Vinci, Luís de Camões, Homero, Wolfgang Amadeus Mozart e muitos outros, num total de sessenta nomes. Em tempos de desesperança e pessimismo, “Eternidade humana” lança Luz sobre a Beleza e a Bondade intrínsecas à natureza humana, que só precisam de uma chance para se manifestar.

 

“Eternidade humana” fala sobre os grandes feitos de expoentes da história da humanidade. O que o motivou a escrever esse livro?

 

A ânsia de reconhecer na humanidade algumas pessoas sublimes, que se sacrificaram por alguma causa essencial, fez-me estudar e escrever a respeito dos grandes homens do mundo. Ao louvar esses espíritos superiores, realço o mérito e a notoriedade dos bons e faço também minha crítica indireta aos menos dignos. Por isso, elegi apenas alguns sábios e humanistas, dentre poetas, filósofos, mártires, santos, profetas e grandes artistas. Nenhum estadista, portanto. Porque a mensagem do livro consiste em destacar os valores  da espiritualidade: a paz, a fraternidade, o idealismo e o talento artístico dos homenageados.

 

 

As histórias de cada personagem são apresentadas em forma de versos, mas também poder ser lidas como prosa poética. Como foi o processo de escrita do livro? Essa maneira de se expressar foi planejada ou simplesmente se manifestou assim?

 

Minha intenção foi escrever, em poesia, as biografias desses mestres da arte e da vida. Se alguns textos ficaram parecidos com prosa poética, isto não me incomoda, porque a poesia moderna/contemporânea já incorporou o discurso intermediário, no limiar entre ambas vertentes. Escrevi tudo com a intenção de fazer um livro objetivo, meio épico, sem quaisquer referências ao eu subjetivo, porém defensor das ideias altruístas e humanistas dos biografados. Os sonetos foram escritos após os demais textos, de modo a caracterizar melhor o estilo, que pressupõe a poesia e não a prosa.

 

O senhor elegeu sessenta personalidades da história universal. Como se deu o processo de escolha? Alguns ficaram de fora? Por quê?

 

Fui pesquisando e compilando informações sobre as criaturas luminosas que primeiro me vieram à mente. Os fundadores de religiões, os grandes místicos e os poetas que mais admiro. Depois, acrescentei à lista alguns artistas plásticos e músicos, até expandir o número dos biografados. Mas se trata de síntese biográfica, portanto textos estilisticamente heterodoxos, digamos assim. Tantos são os grandes homens da História cultural e espiritual do mundo, que, evidentemente, muitos teriam que ficar de fora desta edição.

 

O senhor é autor de quase 50 livros, a maioria publicada por editora pequenas ou independentes. Como é sua vida de escritor independente? Quando decide que um livro está pronto e é hora de publicar?

 

Penso que ser escritor independente é uma condição imposta pelas regras competitivamente injustas do mercado e pelo grau de cultura da  sociedade brasileira. Em meio a esse salve-se quem puder, a única alternativa para a maioria dos autores, na falta de suficientes editores eficientes e de leitores disciplinados, é custear sua própria edição. Escrevo por Amor e Devoção à arte da palavra. Termino um livro quando sinto que já fiz as revisões necessárias. Quando a forma encontrada se aproxima da forma ideal, na certeza de que não existe livro perfeito. Escrever exige muito trabalho. Disso ninguém duvida.

 

A música está intrinsecamente ligada a sua poesia. Há vários CDs com seus poemas musicados por violonistas e flautistas. Costuma ouvir música enquanto escreve? Qual é a importância da música no seu fazer literário?

 

A música e a poesia nasceram juntas e unidas permanecem. Quem tem sensibilidade percebe que há um ritmo e uma melodia na palavra escrita e que a frase melódica esconde um jogo de palavras em sua vertente sonora. Por isso, sempre me interessei por produzir discos de poesia musicada e tenho uma boa coleção de poemas recitados, musicados e cantados em diversos idiomas. Procuro estudar a literatura em suas três dimensões básicas: escrita, cantada e recitada, porque a palavra vem pela memória e pela consciência, antes de ser verbalizada no som da oralidade e no signo linguístico. Costumo escutar música erudita, enquanto escrevo. Especialmente os compositores da denominada fase barroca.

 

– Valéria Martins

 

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