Escritora ao pé da letra

Margarida Patriota é uma intelectual como poucas. Durante quase 30 anos foi professora de Teoria da Literatura e Literatura Francesa na Universidade de Brasília. Há 18 anos apresenta o programa Autores e Livros, na Rádio Senado, de Brasília, pelo qual já passaram alguns dos maiores nomes da literatura Brasileira. Autora de 28 livros entre ensaios, contos, traduções e romances infantis, juvenis e adultos. Sua biblioteca abriga mais de cinco mil volumes, entre eles, obras raras e primeiras edições. Escreve todos os dias de manhã e à tarde. Uma breve conversa com ela e percebemos que há muito que aprender no caminho para se tornar escritor.

 

Você é escritora mesmo, escreve de manhã de tarde e de noite. Foi sempre assim? Como conquistou essa rotina?

 

A rotina de escrever pelas manhãs e tardes (à noite, não, pois sou do dia) impôs-se com o tempo e firmou-se após os trinta. Mas a pulsão criativa sempre me acompanhou e, durante a infância, passava horas desenhando e sonhando ser pintora.

 

Seu apartamento abriga uma biblioteca com mais de cinco mil volumes. Quais são seus livros favoritos, aqueles que marcaram a sua vida, e por quê?

 

Criança, vivi entre as reinações do Lobato e as evasões da coleção Menina e moça, da José Olympio. Adolescente, viajei com Júlio Verne e Alexandre Dumas. Adulta, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro, O Vermelho e o negro, O pai Goriot, Madame Bovary e As Flores do mal são os livros que mais reli. Por quê? Algum feitiço que essas obras exercem sobre mim.

 

Em março sai sua tradução da novela Washington Square, de Henry James, para a 7 Letras. Você gosta de traduzir? O que configura um bom tradutor? 

 

Traduzir textos literários que eu admiro é um desafio que me causa imenso prazer. Talvez, por me dar a ilusão de ser um pouco a autora do texto que eu traduzo. Um bom tradutor respeita o original e transfere suas virtudes para outra língua.

 

Seu livro mais recente é U´Yara, rainha amazona, romance juvenil feminista de narrativa bem sofisticada. Como é escrever para adultos e jovens? Faz alguma diferenciação ao escrever para esses dois públicos distintos? 

 

Acho que sempre escrevi para agradar ao meu “eu crítico” e mais alguém, além dele. Às vezes, decido que esse alguém vai ter dez, doze, quinze anos, ou mais de vinte… Em qualquer das hipóteses, tento atrair esse alguém por meio da escrita.

 

Autores e livros é o programa que apresenta há 18 anos na Rádio Senado Federal, cujas melhores entrevistas foram reunidas em um volume lançado no final de 2015 pela Editora do Senado. O programa vai continuar em 2016? Quem pretende entrevistar?

 

Em 2016, o programa Autores e Livros da Rádio Senado continuará aberto aos autores brasileiros de livros, bem como aos livros de autores brasileiros os mais diversos, no cenário contemporâneo. Não há uma agenda prévia estabelecida.

 

Como avalia sua carreira até agora? O que falta fazer? Quais são seus planos?

 

Realizei como escritora um conjunto de obras, algumas das quais me satisfazem mais que outras. Falta dar forma a um número de projetos que ainda me pedem para virar livros. Depois que eu atender a essa demanda, talvez escale o Himalaia.

 

Por Valéria Martins

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