Poemas, prosas e colagens compõem o novo livro de Maria Dolores Wanderley, Esperando a hora de Stella (Ed. Circuito). Paleontóloga de formação e professora de Geologia da UFRJ a autora acredita que o geólogo tem vocação para a poesia por lidar com um tipo de beleza que ninguém vê. O lançamento será na sexta-feira, 11 de novembro, às 18hs, na Estação das Letras, no Flamengo.
Você sempre gostou de escrever? Quando a literatura surgiu em sua vida?
Eu sempre gostei de ler, desde a adolescência lia os clássicos da literatura universal e brasileira. Minha mãe comprou a coleção completa de Jorge Amado e eu a li inteira. Isso me formou. Tudo o que fiz e vier a fazer em literatura terá essa marca. Progredi na escrita junto às oficinas aqui no Rio de Janeiro: oficinas de poesia com Suzana Vargas e prosa com Silvia Carvão e José Castello.
Sua formação é em Paleontologia e você dá aulas na escola de Geologia da UFRJ. Como conciliou, ao longo da vida, a literatura e o estudo das ciências naturais?
O geólogo, diferentemente do que se pensa, tem muita abertura para a poesia. Lidam com a beleza da natureza, com um mundo microscópico fascinante. Juntos, geólogos e poetas, fizemos um livro muito belo sobre as formas da natureza e aquelas “criadas” pelos homens, incluindo fotografias e poemas, intitulado O Livro sobre as formas: Um olhar para os detalhes.
A poesia é considerada o gênero literário mais elevado. Quais poetas foram importantes em sua formação e por quê?
Sem entrar no mérito se a poesia é o gênero literário mais elevado, os poetas mais importantes para minha formação são muitos, mas cito o Ferreira Gullar que me arrebata.
Você também é artista plástica, faz fotografias e colagens. O que deseja transmitir com essas linguagens?
A colagem para mim é extrair o máximo de informação possível com poucos recursos, no caso, pedaços de cartolina. Extrair alguma beleza disso. É a experiência que mais me dá prazer. Eu não me considero fotógrafa, dou umas “beliscadas”. A visão é muito importante para mim, talvez porque eu lide com microscópio. É uma linguagem que desejo aprimorar e evoluir.
O título Esperando a hora da Stella é uma homenagem a sua psicanalista. Qual é a importância da psicanálise em sua vida?
Eu diria que é a mesma da literatura e que uma possibilita a outra. Escrever é estruturante.
– Valéria Martins