“Barcelona não é Espanha” (Rubra) é o novo e delicioso romance do escritor carioca Márcio Menezes, que já nos encantou e divertiu antes com “Todo terrorista é sentimental” (Ed. Record). O protagonista, dessa vez, termina aos poucos o casamento com a brasileira que o levou à capital da Catalunha, ao mesmo tempo que se envolve com outras mulheres e alguns trambiqueiros, enquanto tenta sobreviver até conseguir a tão almejada cidadania espanhola. Leiam a entrevista com o autor.
Você morou oito anos em Barcelona, assim como o protagonista de Barcelona não é Espanha. Seu livro é uma autoficção?
R: Tenho muito medo dessa ‘classificação’, mas não posso negar que boa parte da ‘ficção’ do livro foi baseada em fatos reais.
Como foi o processo de escritura do romance? Você o escreveu enquanto ainda vivia na Espanha ou depois?
R: Escrevi alguma parte lá, mas o livro ganhou corpo aqui. Curioso porque meu primeiro romance “Todo Terrorista é sentimental”, passado no Rio, foi escrito em Barcelona. E “Barcelona não é Espanha”, obviamente passado em Barcelona, foi escrito no Rio.
O que queria transmitir ao escrever seu livro? Como imagina que vá impactar o leitor?
R: Não escrevo pensando nisso. Escrever é meio que uma desintoxicação pra mim, nesse caso, eu tinha uma dívida sentimental e existencial com Barcelona e esse livro resolveu isso. Sem dúvida nenhuma foi a época mais plena da minha vida. Sobre o impacto no leitor, realmente não faço ideia.
Você também é autor de um texto para teatro, Dois velocistas no globo da morte, encenado no Rio de Janeiro em 2017 e com possibilidade de voltar aos palcos em 2019. De que trata e como o construiu?
R: “Dois velocistas no Globo da morte” nasceu da necessidade de me expressar com outra linguagem e escrever para teatro é bem diferente. Saber o final da história é uma necessidade técnica, pelo menos para mim. Não se começa a escrever uma peça sem saber como vai acabar, o que difere da literatura, em que muitas vezes o fim da história é resultado do processo de construção do enredo. A peça também não deixa de ser uma dívida sentimental e existencial com meu passado, a casa em que fui criado, os quadros da parede da sala, lembranças e questionamentos sobre a vida, a morte e as relações humanas. O enredo é sobre o encontro de dois amigos que não se veem há 20 anos. Um deles faz uma proposta bastante ‘complexa’ ao outro e, de repente, tudo pode mudar! Sem spoilers.
Você também ama música e tem uma discoteca de vinil com 1.500 discos. Qual a importância da música na sua vida e como ela contribui para sua criação literária?
R: Durmo com música, acordo com música, escrevo ouvindo música e tenho paixão por vinis. Sem eles, minha vida seria muita mais entediante. Acredito que, como nos discos, tudo tem um lado A e um lado B. Tudo é feito de luz e sombra.
– Valéria Martins
Pingback: Resenha | Barcelona não é Espanha, de Márcio Menezes – Valeu, Gutenberg!