A morte visita Lisboa

Mal-humorado e politicamente incorreto, o detetive Andrade, em sua mais nova aventura, investiga o assassinato de uma imigrante brasileira em Lisboa e não descansa enquanto não encontra os responsáveis. Criticando e fazendo observações e piadas inconvenientes sobre tudo e todos, ele devassa a comunidade de brasileiros expatriados em Portugal fazendo valer seu método de tratar testemunhas como suspeitos e suspeitos como culpados. Lurdes, a assistente sexualmente confusa, Dó, a assistente doméstica de língua ferina e Suely, a quase-namorada de olhos verdes artificiais, dão suporte prático e afetivo ao ‘ursão’ – nas palavras de Suely. Em meio ao humor corrosivo, Fernando Perdigão usa Andrade e a trama de A morte visita Lisboa para expor o preconceito e a intolerância da sociedade contemporânea.

 

O irascível detetive Andrade – balofo, politicamente incorreto e sem papas na língua – chega a sua terceira aventura. Conte um pouco pra gente sobre o enredo deste novo livro.

 

Dessa vez a ação se passa em Lisboa, em meio à comunidade de brasileiros que lá reside. O assassinato hediondo de uma imigrante brasileira dá espaço a Andrade para devassar brasileiros e portugueses na busca pelo responsavel. E ele faz isso, como sempre, disparando ideias disparatadas ( e algumas verdades cruas).

 

A capa do livro traz a imagem de um cadáver desenhado sobre um chão de pedras portuguesas – calçamento característico do Rio de Janeiro. Quanto de Brasil e quanto de Portugal há nessa nova aventura?

 

A maior parte do livro, na verdade quase todo, transcorre em Lisboa.

 

Existe um projeto de transformar a série Andrade em audiovisual. Isso está caminhando?

 

Eu estou finalizando um projeto na área mas, no momento, não envolve nenhuma produtora.

 

Além da série de Andrade você tem outros livros publicados. Fale um pouco sobre eles e os novos projetos.

 

Tenho dois livros publicados que não pertencem ao gênero policial: um, “Amanhecer dentro da noite”, que trata da vida de um executivo durante a sucessão na presidência de um grupo empresarial e, outro, de contos de humor, chamado “Cliníca Moderna”. Nesse momento, estou trabalhando num romance policial que se passa num futuro próximo, quando mudanças políticas profundas alteram a estrutura de poder no país. É, sim, um romance policial, mas ambientado numa ordem institucional bem diferente da atual.

 

Seus livros são romances policiais, mas carregados de humor – uma combinação incomum. O que o inspira a escrever sobre o Andrade?

 

A paixão pelos dois gêneros: humor e policial, acabaram construindo Andrade. Ao imaginar o protagonista quis evitar o tipo mais comum da literartura policial anglo saxônica: um homem duro por dentro e por fora, mordaz e cínico, além de atraente. Andrade é um tipo fisicamente desagradável, politicamente incorreto, agressivo, temperamental e boquirroto. Mas guarda suas contradições: seus maiores afetos se incluem nos grupos que são alvo de seus ataques verbais e não é seletivo nos preconceitos, critica jovens e velhos, brancos e negros, ricos e pobres e por aí vai.

 

– Valéria Martins

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