Trama policial em três vozes

A jornalista Maria Clara Bortoni escreve reportagens policiais para a revista “Século” e se dedica a apurar e expor as falcatruas do megaempresário Paulo Gonzaga. Ela é pega de surpresa quando o homem a chama em sua casa e a convida a escrever sua biografia. Narrado em primeira pessoa por três personagens, em capítulos alternados, “Corrompidos” é um envolvente romance policial que reúne as melhores qualidades desse gênero literário. Leiam a entrevista com o autor, o médico e escritor Jardel Amaral, autor dos romances “Mudança de rota”, “Aconteceu em Monte Castelo” e “Com meu pai”.

 

Você é médico e tem uma rotina puxada, mesmo assim, já publicou três livros. Encara a literatura como um hobby ou tem um projeto literário? Caso tenha um projeto, qual é?

 

R:  Tudo começou quando a minha esposa vendo eu ser em leitor voraz, sugeriu que eu começasse a escrever. Aceitei a sugestão e comecei a escrever como um hobby, mas depois entendi que eu poderia iniciar um projeto como escritor.

 

“Corrompidos” é narrado em primeira pessoa por três vozes diferentes, dois homens e uma mulher. Como foi, para você, entrar na pele desses três personagens e diferenciá-los através de suas falas e pontos de vista?

 

R: Não pensei muito no início. No meu livro “Mudança de Rota” fiz algo parecido, gostei desse modo de narrar e decidi continuar. No decorrer do tempo, foi ficando complicado. Me senti como aquele ator que, numa peça de teatro, atua como dois ou mais personagens e tem que trocar de figurino rapidamente. Não tenho muito tempo livre para escrever e a minha cabeça precisa processar tudo rápido. Muitas vezes tive que dar uma parada para entrar na pele do narrador do capítulo. Ouvir música me ajuda a concentrar. No terço final do livro já estava no automático.

 

“Aconteceu em Monte Castelo” é seu primeiro livro, um romance histórico publicado de forma independente. De que trata?

 

R:  Pesquisei bastante sobre a batalha de Monte Castelo na Segunda Guerra Mundial. Li que o nosso ditador, Getúlio Vargas, receava que a influência democrática advinda do contato com regimes os democráticos da Europa e da América, durante a guerra, pudesse influenciar os nossos militares contra o seu governo. No livro, o presidente envia o policial Figueiredo para espionar os militares, mas ele tem outros interesses que são descobertos pelo tenente Araújo. O rumo da história muda quando surge em cena Manuela, portuguesa, esposa de um guerrilheiro italiano que luta contra os nazistas, por quem Araújo se apaixona. Ela traz uma importante revelação.

 

Já “Mudança de rota” tem boa parte de sua trama a bordo de um avião sequestrado na época da ditadura. De onde vem suas histórias?

 

R:  Uma vez eu li no jornal a história de um comissário de bordo que teve sua vida arrasada após um sequestro de avião durante o regime militar. Um dos sequestradores era uma mulher. Criei um enredo em que o protagonista, durante o sequestro, fica próximo da criminosa – a famosa síndrome de Estocolmo. Nesse livro, o destaque são os diálogos. Como diz o escritor Mariel Reis no texto de apresentação do livro: é um romance de ideias.

 

É difícil ser escritor no Brasil, um país onde não existe – e não se fomenta – uma cultura literária? Pretende continuar escrevendo? Onde gostaria de chegar?

 

R: Atendendo a pedidos, vou continuar. Gostaria ter ou meu círculo de leitores. Como todo escritor, o que mais quero é ser lido.

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