O valor da amizade entre mulheres frente aos desafios de um cotidiano árido, a mãe que para estar com o filho precisa enfrentar um furacão de verdade, a menina cuja boneca de porcelana assiste à perda da sua inocência, o sujeito bonito que cai nas garras de uma guru de meia tigela. “Lua de mel” (Ed. Dialética) é uma honrosa estreia para uma escritora dedicada que tem muitas histórias para contar. Com linguagem descontraída e doses de humor, Carla Mutuano – professora experiente no que diz respeito à nossa língua – estreia na literatura com um livro de contos recheado de histórias saborosas que ora divertem, ora levam à reflexão. Um livro para aqueles que acreditam que a vida sempre supera a ficção. Leiam a entrevista com a autora.
Você é mestre em Literatura comparada e fez vários cursos de extensão da área de Literatura e Letras, inclusive fora do país. Como esses estudos ajudaram a formar a escritora que você é?
R: Ter conhecimento das propriedades do texto literário e das relações estabelecidas entre o texto em si e a cultura de origem, assim como analisar a maneira como ocorrem as construções ideológicas dele facilitam o ofício do escritor.
Lua de mel é um livro de contos e alguns desses contos tangenciam o gênero crônica pela maneira como foram escritos. Como é a sua relação com os gêneros citados e por que decidiu entrelaça-los em suas narrativas?
R: Todos foram ideias que surgiram de situações observadas por mim. No fundo, tanto o contista como o cronista são escritores muito observadores, ambos têm a função de transmitir ao leitor um texto com linguagem simples, com poucas personagens (às vezes nenhuma), procurando narrar situações do cotidiano, a fim de provocar reflexões e críticas sobre comportamentos e situações. Adoro contos e crônicas.
Diálogos estão presentes em vários textos do livro, e alguns contos são em forma de diálogos. Não é fácil reproduzir conversas por escrito. Em quais autores e/ou livros você se inspirou?
R: Fiz alguns cursos fora do país e todos eles, principalmente “A técnica de criação do personagem”, com a escritora e professora Amy Bloom, focavam na questão da conexão com o real. O diálogo revela quem a personagem é, acelera a ação. Na hora, lembrei-me dos diálogos de Bentinho e Capitu. Machado é sempre minha inspiração.
O humor também se faz presente em seu livro. Isso foi uma escolha ou surgiu naturalmente?
R: Surgiu naturalmente. Acho que trazer traços de humor ao texto alivia a construção da reflexão, que, às vezes, é muito dura. Então, apesar de ter sido uma característica natural do meu estilo, foi bem aceita.
O lançamento de “Lua de mel” será dia 1º de setembro na Livraria Travessa Leblon (RJ). Como será sua primeira noite de autógrafos? Quais são suas expectativas?
R: Será emocionante para mim. É a realização de um sonho. Mais até, é o começo de uma nova carreira e uma nova etapa na minha vida. “Lua de Mel” é o primogênito de muitos que virão!
Após lançar “Lua de mel” quais são seus planos?
R: Já estou escrevendo o próximo. O que posso adiantar para não dar “spoiler” é que o gênero continua o mesmo. Mais contos, narrativas curtas, baseadas na necessidade humana de contar e ouvir histórias breves. Mas sempre com o intuito de provocar reflexões.