O poeta viajante

No fim do ano 2000, ao ser convidado para expor em Paris, o artista plástico George Iso alugou um estúdio em um prédio de 300 anos em Paris. Desde então, fixou residência também na capital francesa, vivendo metade do tempo na Europa e metade no Rio de Janeiro, onde nasceu. Esses e outros lugares transparecem nas poesias de seu novo livro “Paris não é uma festa” (2016) ao lado de Madri, Barcelona, Sevilha, Londres, Dublin, São Paulo, Buenos Aires, Tel Aviv, Washington, Nova Iorque e outros.

 

O título de seu livro é inspirado no volume de memórias de Ernest Heminguay (1899-1961), “Paris é uma festa” (1964), publicado três anos após a morte dele, no qual descreve aventuras em Paris na década de 1920, quando conviveu com Pablo Picasso, Ezra Pound, James Joyce, entre outras personalidades. Por que “Paris não é uma festa”?

 

Meu livro não foi inspirado no livro do Hemingway! O título é uma provocação para quem pensa que Paris é uma festa. Talvez para a geração perdida de Gertrud Stein tenha sido.

 

Ao ler seu livro, fica a impressão de que passa a maior parte de seu tempo em trânsito, viajando entre as principais capitais do mundo. É isso mesmo? É bom viajar tanto assim?

 

Nāo passo a vida viajando. Trabalho muito, escrevo quando tenho tempo para ser poeta, meus poemas são fotos de um viajante.

 

O jornalista e escritor Ivan Lessa (1935-2012), após ler seu livro de poesias “Rio – Paris – Stockholm” (1991) disse: “Você não pode parar de escrever”. Mesmo assim, foram 15 anos até publicar “Paris não é uma festa”. Por que tanto tempo?

 

Ivan Lessa leu o “Rio/Paris/ Stockholm” em 2007 e eu terminei este novo livro em 2014, no entanto, as dificuldades para edição e lançamento fizeram com que só fosse lançado este ano.

 

Como compõe seus versos? E após escrevê-los, como seleciona as poesias para compor um livro?

 

Muitas vezes escrevo o mesmo poema várias vezes, como pinto o mesmo quadro várias vezes. A seleção e montagem de um livro é por exclusão .

 

Como artista plástico e poeta, qual é a fonte de onde vêm suas pinturas e poesias? É uma única fonte, ou são duas, ou são várias?

 

O poema é a vontade de ser testemunha do tempo que vivo. A pintura é transpiração e exercício da liberdade. Ambos têm a pretensão de induzir à reflexão.

 

Gostaria de escrever outros gêneros como conto ou romance?

 

Já tentei escrever contos, mas não eram suficientemente bons e terminei rasgando.

 

Conte seus planos: onde será a próxima exposição e quando sairá um próximo livro?

 

Minha próxima exposição de pinturas será em maio de 2019 em Paris. Meu próximo livro? Não tenho nenhum projeto. Acredito que Paris não é uma festa seja meu último livro.

 

 

– Valéria Martins

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