Amor e cólera em tempos de Lava Jato

Um crime horrendo, a rede de intrigas e a ambição por detrás dele, o desmascarar dos envolvidos e seus torpes motivos. Tudo pelos ares (Bagaço), romance do escritor e publicitário pernambucano José Nivaldo Junior, é também a história de amor comovente de um homem pela mulher de seus sonhos, com quem desfruta apenas breves momentos. Leia aqui a entrevista com o autor.

 

Como você resume seu novo livro Tudo pelos ares?

 

É uma história de amor, crimes e suspense vivida no Brasil contemporâneo, com personagens metidos até o pescoço nos meandros da Lava Jato. É uma ficção ambientada no momento atual.

 

O livro pode ser considerado um romance policial?

 

Logo no primeiro capítulo o protagonista entra no quarto do hotel onde deveria comemorar a chegada de 2018 nos braços da amante e se depara com uma cena inusitada: a amada está morta, e ele também. Como o livro não é de realismo mágico ou soluções imaginárias, esclareço em seguida que não era o próprio e sim um sósia assassinado no seu lugar. Mas não é a polícia ou algum detetive que resolve o mistério. A polícia, aliás, dá o caso como resolvido sem investigar o que aconteceu.

 

Como Tudo pelos ares está ligado à realidade do país?

 

Trata-se de uma história de ficção ambientada no presente. Assim, vão surgindo figuras familiares nos noticiários: empresários bandidos, políticos corruptos, juízes e promotores arbitrários, doleiros que operam fortunas, destruidores profissionais de provas, cardeais pedófilos, conduções coercitivas, apartamentos-cofre, delações premiadas, etc. É como se o leitor estivesse assistindo a novela das nove dentro do Jornal Nacional.

 

Em nenhum momento aparece no livro a expressão “Tudo pelos ares”. Como o título dialoga com a história?

 

Primeiro, literalmente. O evento mais espetacular da obra é a explosão do arquivo que desmoralizaria dezenas de delações premiadas e botaria muita gente graúda nas garras da Lava Jato. Depois, metaforicamente: é o que acontece com o Brasil atual.

 

Além de escritor, você é um publicitário de sucesso. Como consegue conciliar tempo e dedicação para as duas carreiras?

 

Minha área profissional é a comunicação política, mas minha origem é a redação. Viajo muito. Observo bastante. Tento manter ligação com as minhas raízes. Não tenho preocupação com manter um estilo. Meu objetivo é escrever livros que agradem e acrescentem. Vou construindo as histórias e, quando decido finalizar, geralmente nas entressafras do trabalho, o arcabouço já está pensado. O restante surge no ato de escrever. Geralmente, as melhores partes.

 

Atualmente está escrevendo um novo livro? Pode adiantar algo?

 

No momento minha cabeça ainda está em Tudo pelos ares. É um livro muito forte e absorvente. Muitos leitores querem interagir e tento atender a todos. Esse livro ainda tem um longo caminho a percorrer e minha prioridade literária é viver esse processo mais um tempo.

 

– José Fontenele

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