Cuidado com a Besta

O Castelo de Angers, na cidade de mesmo nome, na França, abriga um monumental conjunto de tapeçarias medievais com as cenas do apocalipse bíblico. Sete painéis se perderam através dos tempos – um deles com a figura da ‘Besta aprisionada por mil anos’. Reza a lenda que, enquanto esta cena estiver desaparecida, o caos e a desarmonia reinarão sobre a Terra. Partindo desses fatos reais, o escritor, jornalista e advogado Ilmar Penna Marinho Jr. criou a série de livros Trilogia do Apocalipse. Lançamento do primeiro e segundo volumes nesta segunda-feira, 28 de maio, 19h, na Livraria Argumento do Leblon.

 

Nas suas viagens ao Castelo de Angers pretendia escrever sobre a Tapeçaria do Apocalipse ou foi por acaso que o tema o instigou à ficção?

 

Nada acontece por acaso na vida… uma frase que é quase um mantra.  Fui com o propósito de visitar, por incentivo de minha mulher, numa viagem longamente planejada à França, o Castelo de Angers, no Vale do Loire, onde está exposta a Tapeçaria do Apocalipse. Fiquei emocionado com a grandiosidade e a beleza da obra de arte medieval. Nunca imaginei que pudesse ser tão impactante o esplendoroso visual dos quadros da passagem bíblica do Novo Testamento do Apocalipse, segundo São João, numa tapeçaria de 104 metros de comprimento por 4,5 de altura. É uma deslumbramento para os olhos e para a alma.

 

Como foi a pesquisa histórica para o livro?

 

Numa segunda vista ao Castelo, a convite do seu curador, tive o privilégio de ser ciceroneado pela renomada historiadora francesa Maire-Louise Triollet. Foi ela quem me auxiliou nas pesquisas e nos aconselhamentos da Tapeçaria e do Castelo. Pesquisei também na Biblioteca do Castelo de Angers, na Biblioteca Nacional da França, em Paris, na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, nas imagens do Google. Visitei mais duas vezes o Castelo antes de concluir os livros.

 

Acredita que a cena perdida da “Besta enjaulada por mil anos”, peça central da sua trilogia, é o motivo do caos e violência no mundo atual?

 

É uma dúvida que me persegue e me assusta como escritor e como cidadão. Sim, acredito que enquanto a Besta estiver solta ela é a responsável pela ganância, corrupção, impunidade e violência no mundo atual. Trago comigo essa convicção de escritor contemporâneo, que está sempre presente nos meus três romances policiais, em que a peça desparecida é o leitmotiv da Trilogia. O  volume terceiro da Trilogia, em produção, vai tratar do futuro do Brasil. Será que a Besta estará aprisionada? Se estiver solta, vai influir na eleição de outubro. A Besta vota ou não vota? Quem vai ganhar…

 

Quais autores e obras foram importantes para a sua formação como escritor?

 

A Bíblia, o Novo testamento, o Apocalipse de São João encabeçam a lista. Depois, os autores e obras que de alguma maneira influenciaram a criação literária da Trilogia, sem ordem preferencial: Eça de Queiroz (A cidade e as serras, A Relíquia); Somerset Maugham (O fio da Navalha e o conto A Chuva); Dan Brown (O código da Vinci); Stefan Zweig com seus perfis históricos; Georges Simenon; Anatole France (Thais).

 

Como se inspirou para escrever a Besta de Lucca, o segundo livro da Trilogia do Apocalipse?

 

Ela decorre de um dia de visita à cidade de Lucca, na Toscana. Vi a cidade do alto do muro ao redor e não consegui mais tirar da minha cabeça de escritor aquele cenário fabuloso de mimos arquitetônicos, de dezenas de torres de igrejas, de praças charmosas e ruelas misteriosas… Mama Mia! Fui visitar Lucca porque minha mulher queria conhecer a cidade que tinha o nome do seu neto. Comprou uma camiseta com o nome da cidade que o neto só usa nos grandes dias.

 

O último livro da trilogia está escrito? O que você pode adiantar para nós?

 

Está ainda em efervescente produção. Alguns personagens do primeiro livro, publicado em 2011, junto com outros do segundo livro, estarão na trama no país chamado Brasil. Como escritor de uma Trilogia, posso adiantar que vou desenvolver ficcionalmente uma dramaturgia com muito suspense, muita ação e reviravoltas, como o meu público leitor tanto aprecia num estilo que o cative do primeiro ao último capítulo.

 

Para um escritor, o que seria o apocalipse definitivo?

 

Acredito que quando a Besta estiver “aprisionada no Lago de Fogo e Enxofre”, no Castelo de Angers, o caos e a violência no mundo chegarão ao fim. Quando chegar a bem-vinda Nova Era, quando cair do céu a Nova Jerusalém, como revela aos visitantes o magnífico quadro 76 da Tapeçaria, tenho muita fé na justiça dos homens, na coragem dos bem intencionados, na quebra do silêncio dos honestos e na igualdade social, sem discriminação de raça, sexo e culto. Estaremos no momento certo do destino de paz da humanidade. Assim está sendo tecida, sob inspiração da Tapeçaria do Apocalipse, a profissão de fé do terceiro livro. A vitória do Bem sobre o Mal e a prisão ad eternum de A Besta dos Mil Anos.

 

 

– José Fontenele

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