Literatura da liberdade e independência

Yasmim é uma jovem criada em orfanato e se torna paraplégica por conta de um acidade de carro. Isso não impede que ela trabalhe, se apaixone e viva intensamente. Rosas e chocolate (Editora Chiado), da escritora Tatyana Zille, mineira de Belo Horizonte, cadeirante, não é uma obra de autoficção. O romance com toques de mistério  também passa uma mensagem de perseverança – que é a sua maneira própria de encarar a vida.

 

Rosas e chocolate é um dos poucos livros da literatura atual em que a protagonista é cadeirante. Quanto de você há na protagonista Yasmin?

 

R: Diferente do que muitos pensam, Rosas & Chocolate não é uma obra biográfica. Entretanto, como em grande parte dos textos literários, Yasmim carrega coisas minhas em essência e, quiçá outras que não acessei perfeitamente ainda.

 

A heroína do livro passa por situações muito difíceis com bastante serenidade. Você também é assim?

 

R: Hoje busco mais essa serenidade, mas nem sempre foi assim. Já questionei muito com a clássica pergunta: Por que comigo e não com outro? Foi um período bem difícil para mim e os meus mais próximos, mas a resposta veio há 20 anos.

 

Você vive em Belo Horizonte. Quais são as principais dificuldades com que se depara, no dia a dia, em sua cidade?

 

R: Como toda metrópole, meu amado berço ‘oferece’ problemas de acessibilidade como um todo incluído: Transporte público, vias públicas, locais privados ou não. Muita coisa já foi realizada sim, mas ainda falta muito por fazer para chegar ao mínimo ideal. Sem falar da conservação e manutenção do que já existe.

 

Além de novelas e romances, você também escreve crônicas em seu blog. Como elege os temas de seus textos?

 

R: Geralmente capto por algo vivido na semana ou simplesmente pela intuição. “Sento” (modo de dizer, pois já me encontro na cadeira de rodas), me concentro e escrevo.

 

Quais leituras marcaram sua vida de escritora? Cite pelo menos três títulos e o porquê.

 

R: Recordando alguns momentos vividos, um livro que já li e reli diversas vezes, foi A última grande lição, de Mitch Albom. Me trouxe uma reflexão bem profunda. Também admiro as obras de José de Alencar e, como creio que as novelas atuais nada mais são do que livros visuais, cito também o autor Manoel Carlos (Maneco).

 

Quais são seus planos como escritora?

 

R: Essa pergunta é simples e complexa ao mesmo tempo. No meu caso, a literatura foi meu brinquedo (possível) de infância, minha válvula de escape na solidão da transição da pré-adolescência; meu resgate no momento em que mais precisei e acabou virando amor. Ainda que conseguisse viver de outra coisa, em algum momento me encontraria com ela, tenho certeza! Hoje, amor e gratidão se misturam e, se devo viver numa cadeira de rodas, espero alcançar a liberdade e independência pela junção das ideias, frases e palavras que tanto me trazem felicidade.

 

– Valéria Martins

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